Rosemberg Cariry


Tambor de Criola

São Luiz. Luzir da lua. Entre ruínas — fogueiras. Os olhinhos de São Benedito abençoando seus filhos, tão pobrezinhos, tão simples, que de dia até se matam de trabalhar, de rezar, mas de noite... deixa está! São anjos belos, orixás, são músculos e rebeldia, batucando os tambores que reacendem nos deuses as luxúrias adormecidas A lua bem que espia e levanta a sua saia, tecendo rendas nas águas que se derramam na areia. Sem vergonha, espia... Os homens mais do que homens são ritmo, fôlego, tesão, entre as pernas o tambor, nervo duro e inquieto, descomunal em tamanho, que se anuncia em batuque virando pelo avesso a face da outra face do que é religião. Matracas desesperadas quebram os selos do pudor para que os corpos se liberem e urrem feito uma onça nas cachoeiras do cio.


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