R. Petit


Deixem!...

Deixem que eu viva ao léu como um rochedo Sobre a praia sem fim: ermo, esquecido, Frio, imóvel, tristonho, adormecido, Como se fosse a imagem de um segredo. Deixem que viva assim como o arvoredo Da margem de uma estrada, aos céus erguido, Que o viandante ao passar, fere, sem medo, Rouba um galho! e se afasta distraído. Que eu seja a sombra humilde dos ascetas. Deixem que eu sofra!... A dor em que me inundo, Trila na voz da lira dos Poetas. Se eu vivo entre emoções e fantasias, Pois deixem que eu me acabe pelo mundo, Em soluços, em preces e harmonias...


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *