Paulo Mendes Campos
 Remetido por Isolda  Pedrosa  - isolda@tba.com.br
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Translúcido
					Rosas rara se alçavam puras.
					Eu sonho que vivi sempre exaltado.
					Amo os danos do mundo, quero a chama
					Do mundo, vós, paixões do mundo. E penso:
					Estrangeiro não sou, pertenço à terra.
					Um céu abriu as mãos sobre o meu rosto.
					Barcos de prata cantam vagamente.
					Pensando, desço então pelas veredas
					Do mar, do mar, do mar !
					Sinto-me errante.
					Que faz no meu cortejo essa alegria ?
					O tempo é meu jardim, o tempo abriu
					Cantando suas flores insepultas.
					Canta, emoção antiga, meus amores,
					Canta o sentido estranho do verão,
					Canta de novo para mim que fui
					Vago aprendiz de mágico, abstrata
					sentinela do espaço constelado.
					Conta que sempre sou, quem fui, menino.
					A pantera do mar da cor de malva
					Uivava sobre a vaga chamejante.
					Eu sonho que vivi sempre exaltado.
					Meu pensamento forte é quase um sonho.
					Nos meus ombros, o pássaro final.
					Íntimo, atroz, lirismo a que me oponho.
					Quando a manhã subir até meus lábios
					Suscitarei segredos novos. Ah!
					Esta paixão de destruir-me à toa.
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