Mário Linhares


Festim Romano

Festim romano. Nero assiste, repoltreado Lassamente no toro ebúrneo em que se inclina, Ao deboche brutal das heteras e, a um lado, Canta uma escrava ao som de uma gusla em surdina. Aos acentos febris de uma ária fescenina, Requebrando os quadris em lúbrico bailado, As cortesãs, em coro, a taça cristalina Erguem, em brinde à Carne e apoteose ao Pecado. Referve a orgia... E Nero, às vibrações da lira, Canta obscena canção e, no esto em que delira, O vinho, em fogo, inflama o seu rosto sangüíneo. E Popéia, saudando o imperador de Roma, Entre as aclamações dos convivas, assoma, Ébria e nua, a tombar de triclínio em triclínio.


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