Mário da Silveira


Coroa de Rosas e de Espinhos

Sedenta de ódio, cega de despeito, Nesta penosa e transitória lida, A alma dos homens, pérfida e atrevida, Perde às cousas mais nobres o respeito. Dizem: "Tudo o que sentes no teu peito Há de um dia passar, — porque na vida Tudo é incenso sutil, poeira diluída, O que é terreno é efêmero e imperfeito. Um grande amor é corno o resto... A gente Quando menos espera, logo sente Apagar-se o clarão da ignota chama." Eu sei que tudo é como o fumo leve: Foge: mas, porque a vida seja breve, Há sempre um dia mais para quem ama.


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