Leão Vasconcelos


In Solitudine

Quando o jardim se ensombra e a noite desce, Deste fogo, que em vão julguei sepulto, Sinto que a extinta chama reaparece... E o incenso em espirais sobe a teu culto... Desde que vi o teu sereno vulto Vivo assim, de mãos postas, numa prece! Mas enquanto por ti anseio e exulto, — Teu corpo — imenso lírio — alto, floresce... Passaste em tua glória e não me viste. E hoje até mesmo do meu ser prescindo Para rever-te o olhar sereno e triste. E por te desejar numa ânsia louca, À noite sonho que tu vens sorrindo Povoar de beijos minha fria boca...


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