Leopoldo Brígido


Dona Inês de Castro

Cai a tarde. Na quieta soledade Do prado em flor, a sombra lentamente Se espalha, e Dona Inês de Castro sente Na alma subir-lhe uma onda de saudade. Vai sozinha a cismar. Do Infante ausente Doce lembrança o coração lhe invade: Suspira, e suas mãos com suavidade Colhem cecéns e rosas juntamente. Senta-se à beira do Mondego. Mira O rosto na água, e pétalas atira À água, que manso e manso se renova... E vê-se, imagem na água mergulhada, De cecéns e de rosas coroada, Já Rainha, no fundo de uma cova!


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