Jonas da Silva


Coração

Meu coração é um velho alpendre em cuja Sombra se escuta pela noite morta o som de um passo e o gonzo de uma porta Que a umidade dos tempos enferruja. Quem vai passando pela estrada torta Que leva ao alpendre, dessa estrada fuja! Lá só se encontra a fúnebre coruja E a Dor, que a prece ao caminhando exorta. Se um dia abrindo o casarão sombrio Um abrigo buscasses contra o frio E entrasses, doce criatura langue, Fugirias tremente vendo a um lado A Crença morta, o Sonho estrangulado E o cadáver do Amor banhado em sangue!


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *