Irineu Filho


Caravana

No alto do céu o sol fuzila... Embaixo se abre amplo deserto: Desolação funda e tranqüila Ao longe paira, paira perto... Embaixo se abre amplo deserto... E nem, sequer, um ruído tento Ao longe paira, paira perto, Nem mesmo sopra um débil vento. E nem, sequer, um ruído lento Quebra, por fim, tal solidão, Nem mesmo sopra um débil vento, Fazendo erguer o pó do chão... Quebra, por fim, tal solidão Grande tropel que, em marcha insana, Fazendo erguer o pó do chão, Vem caminhando — é a caravana! Grande tropel que, em marcha insana, Pela planície zombadora Vem caminhando — é a Caravana Morta de sede abrasadora!... Pela planície zombadora Ei-la que passa e segue adiante, Morta de sede abrasadora, Penosamente, vacilante... Ei-la que passa e segue adiante... E, sombra, agora, além se desfaz, Penosamente, vacilante... Tristeza cruel volve tenaz.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *