Alfredo Castro


A Dança dos Sete Véus

O tetrarca pediu disfarçando, de leve, Um desejo, com voz, de enternecida, rouca, Que Salomé, movendo o corpo airoso e breve, Dançasse. Estava triste, e era a graça bem pouca. Envolta em sete véus alvíssimos, de neve, Ela, a judia, põe-se a dançar, como louca... E, a cada evolução que o seu corpo descreve, Como uma estranha flor, dos seus véus se destouca. Em meneios gentis, a princesa, que gira, Tira o primeiro véu, tira o segundo, tira O terceiro, e outro mais, mais outro, e outro, ainda... Quando o véu derradeiro ela, afinal, arranca, Estaca. Aos olhos reais, Salomé, na mais franca Nudez, mostra-se então, provocadora e linda.


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