Alfredo Castro
A Estátua de Sileno
				Longo tempo no parque, entre a alegre verdura, 
				Às carícias do sol, na luz fina e fagueira, 
				Sileno, o velho deus, guardara a compostura 
				Firme na sua estátua, enramada em videira.
				Mas um dia se espalma a asa pesada e escura
				Da borraxa.  Do céu vela-se a face inteira.
				E um raio que desceu busca o parque, procura
				A estátua e lança em terra o deus da bebedeira.
				Ao tombar destronada, a figura grotesca, 
				Num acaso feliz, ficou mesmo com a cara 
				Encostada na relva umedecida e fresca.
				Quem depois transitou por aquele caminho 
				Certamente pensou que o deus melhor ficara 
				Estendido no chão para curtir seu vinho!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *