Belmiro Braga


Olhando o Rio

A Alencar Duarte
Nas noites claras de luar, costumo ir das águas ouvir o vão lamento; e, após o ouvi-las, cauteloso e atento que o rio também sofre, eis que presumo. Nesse que leva tortuoso rumo, que fado triste e por demais cruento: Vai deslizando agora doce e lento e agora desce encachoeirado e a prumo. O dorso aqui lhe encrespa leve brisa, ali o deslizar calhau lhe veda; além, de novo, sem fragor, desliza... És como o rio, coração tristonho: Se ele vive a chorar de queda em queda, vives tu a gemer de sonho em sonho.

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