Antônio Sales


Terra de Sol

O áureo malho do sol bate na incude Da rocha estriada de malacachetas, E mil faíscas, nesse embate rude, Se desprendem das rútilas facetas. Sem uma sombra amiga que as escude Contra a soalheira, que abre o chão em gretas, Buscam sedentas o longínquo açude Vacas ossudas de engelhadas tetas, É de ouro fulvo a grama ressequida; A estrada poenta, em sinal de viga Para os sertões intérminos se alonga... E na mudez da abóbada infinita Ouvi: parece que é a luz que grita No tinido estridente da araponga.


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