Almir Fonseca


Último Soneto

Padecendo no leito de Procusto, Eu sinto a vida se esvaindo aos poucos, E às vezes tenho pesadelos loucos Que ao lembrá-los depois inda me assusto Levados por espíritos de amoucos, Num desespero crucial, injusto, Desço, com a exigüidade do meu busto, À escuridão das covas e cavoucos. Mas quebrando os grilhões e os arganéus Que me atavam às fundas sepulturas, — Surjo singrando a vastidão dos céus, Como se navegasse em mansas vagas Para alcançar as máximas alturas Do além, buscando esplendorosas plagas...


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