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João Melo
Uma língua
é o lugar
donde se vê
o mundo
Vergílio Ferreira
Vozes 
Poéticas da 
Lusofonia 
Na minha língua... 
cada verso é uma 
outra geografia. 
Manuel Alegre
 
 
 
 
 
VOZES POÉTICAS DA LUSOFONIA  
Edição: Câmara Municipal de Sintra 
                     Presidente: Dra. Edite Estrela 
Organização: Instituto Camões  
Coordenação: Alice Brás  
                     Armandina Maia  
Seleção de textos: Luís Carlos Patraquim  
Capa: LPM — Idéias e Acções  
Realização gráfica: Gráfica Europam, Ltda.  
Mem Martins – Portugal  
Depósito legal: 138134/99  
Maio, 1999 
Patrocinada pela 
CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS
 
 
João Melo 

HOMO ANGOLENSIS

Mastiga a própria desgraça 
com ela improvisa uma farra 
precisa de uma boa maka 
como do ar para respirar 
acha o mundo demasiado pequeno 
pró seu coração 
ri à toa fornica por disciplina 
revolucionária 
jura que um dia será potência 
gosta de funje todos os sábados 
e foge do trabalho na segunda 
mas fica limão 
quando lhe querem abusar


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João Melo 

REPOUSO
 
 

(tuas asas silentes levemente pousam 
sobre meus olhos 
e encobrem meus medos) 

lá fora é a rua; 
há um grito de cal 
estridente como uma buzina 
e cabeças passam 
esfaqueadas pelo sol 

aqui - tuas asas 
enormes e vaporosas 
apaziguam o clima... 

há uma guerra lá fora; 
o nosso amor contra a guerra? 
- sangue jovem de pé 
pelo nosso amor 
 
 

ah, tuas asas tranqüilas me protegem; 
deixei de escutar as bombas ... 
 
 

quando sair, amor 
estarei mais forte para a batalha. 
 
 


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João Melo 

DUNAS
 
 

Dunas                      brancas dunas 
onde 

                                altivo 
                                                      brilha o sol; 
tuas nádegas 

Dunas                      firmes dunas 
onde 

                                célere 
                                                     pulsa o sangue; 
tuas nádegas 

Dunas                      doces dunas 
onde 

                                trémulo 
                                                                  sucumbo ardendo; 
tuas nádegas 
suaves frescas e belas 
 


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