Fernando Pessoa
 

POEMA

O céu, azul de luz quieta,
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa -
Pontos de dedos a brincar.

No piano anónimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.

Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.
 
 
 
 

 
 
 
 

 
 


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